A noite da espera

Capa do novo livro de Hatoum: Resgate de uma Brasília sem alma

Nunca duvidei que a alma de Brasília estaria na mistura entre arquitetura, imigração e política. E sempre acreditei que só a literatura explicaria essa alquimia.

Comecei a ler “A Noite da Espera” com essa expectativa. Mas quando terminei vi que ainda não foi dessa vez que alguém conseguiu desvendar esse segredo.

Em entrevista que concedeu ao Estadão, Hatoum explica que o livro foi um resgate do próprio passado, a partir das lembranças de quando estudou em Brasília no final dos anos 60.

Se foi mesmo, bom pra ele. Literatura muitas vezes mesmo é voltada para dentro. Mas eu pelo menos fiquei na mesma.

O livro em nada me ajudou a responder as perguntas que me intrigam desde que cheguei por aqui. Obsessão que durante anos compartilhei com alguns amigos – intrigados como eu. Mas que hoje parece indiferentes a eles hoje em dia.

Talvez Clarice estivesse certa quando escreveu que essa cidade pensada não passa de “um passado esplendoroso que já não existe mais”.

De qualquer forma, achei a narrativa seca. Os personagens secos. Um visão seca do passado.

Será que era isso mesmo? Ou o autor que não teve paciência pra procurar um pouco mais de sensibilidade nos personagens e fatos daqueles tempos? No começo de uma cidade onde tudo era possível.

Definitivamente Collor e Dilma, citados no livro, não são o espelho pra refletir a sensibilidade daqueles tempos.

Pelo menos não pra mim.

@jeniffergeraldine

 

Os 50 anos da morte de Le Corbusier e o debate que Brasília não vai fazer: http://bit.ly/2CzJzC9